sábado, 28 de maio de 2011

A Poesia de Ronaldo Fraga

Escrevo depois de assistir aos vídeos sobre o desfile da coleção de verão 2008/2009 de Ronaldo Fraga sobre o Rio São Francisco e a exposição montada a partir das pesquisas realizadas pelo estilista em seu processo criativo (links no final do post).

Desde sua primeira coleção, em 1996, o estilista mineiro se ocupa em transpor para a passarela história, cultura e reflexão social, sendo por isso considerado um dos criadores mais “cults” de sua geração. Em suas coleções já homenageou nomes da arte como Arthur Bispo do Rosário, Pina Bausch e Athos Bulcão, protestou contra a ditadura, trouxe aos holofotes o artesanato brasileiro.

Para desenvolver sua coleção sobre o Rio São Francisco, Ronaldo Fraga decidiu pesquisar a fundo o tema que lhe era querido desde a infância: andou pelo rio de vapor, mergulhou na extensa literatura produzida sobre o assunto, visitou cidades, ouviu gente e músicas. Nesta imersão descobriu as cores, texturas e modelagens, sentimentos e lembranças de um dos rios mais importantes do Brasil.

Vê-se no desfile sua preocupação em não apenas mostrar roupas, mas também em levar à platéia o mundo repleto de sons, aromas, movimento, luz, lendas, riquezas, afetos e estórias do Velho Chico. A passarela cheia de bacias com sal remete à foz salinizada, a trilha sonora mistura ritmos da cultura dos povoados ribeirinhos e a iluminação vai dos tons de azul aos alaranjados, evocando a diversidade de paisagens cortadas pelos mais de 2.800 km de extensão do rio.

Os looks têm modelagens soltas e as estampas são inspiradas nos peixes, pássaros, carrancas e ripas de madeira com que são construídos os barcos. A cartela de cores ajuda a transmitir toda a riqueza de imagens e sensações, indo da alegria dos paetês azulados à tristeza do preto que simboliza o rio maltratado pelo "desenvolvimento" das regiões por ele banhadas. O estilista consegue, assim, alcançar o lirismo de suas recordações de infância ao mesmo tempo que chama a atenção para os problemas de encontrados em sua realidade adulta.

O tema se mostrou tão rico que Ronaldo Fraga deu mais liberdade a sua porção artista e montou uma exposição sobre o rio São Francisco. Inaugurada em Belo Horizonte, atualmente em São Paulo e prevista para passar por mais uma dezena de cidades, a mostra reúne objetos, vídeos, fotos e criações do estilista para contar um pouco da história do rio.

Os ambientes foram criados com a mesma veia criativa e emotiva que o estilista usa em suas coleções a fim de transportar as pessoas para seu universo. Ao contrário das mostras mais tradicionais, nela você é convidado a ver, tocar, ouvir e até a pescar. Dentre as atrações, um vídeo sobre a comovente história de cidades inteiras submersas pela construção de hidrelétricas.

Em mais um bem-sucedido capítulo de sua trajetória na inserção da cultura popular na moda, Ronaldo Fraga conseguiu também fazer com que a moda fosse reconhecida como instrumento cultural: o projeto foi o primeiro no campo da moda a contar com incentivos da Lei Rouanet.

Por todos estes motivos, aguardo ansiosa que a exposição venha logo para o Rio de Janeiro!

Links relacionados:

Rio São Francisco navegado por Ronaldo Fraga
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=qD0FmRZagF4
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=MeDLqfj2APE

Rio São – Ronaldo Fraga
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ss5GUyxht8w

Entrevista com Ronaldo Fraga (Metrópolis)
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=SyJv5SVfpbA

Link para o site da exposição: http://saofranciscoronaldofraga.com.br/

domingo, 15 de maio de 2011

Estética Medieval

Resumo do Capítulo 9: “A Beleza – Síntese Realista e Objetivista”, do livro “Iniciação à Estética”, de Ariano Suassuna

A primeira teoria estética apresentada no capítulo foi desenvolvida por Santo Agostinho, segundo o qual a Beleza do objeto é produto da harmonia das partes do todo (assim como pensava Aristóteles), aliado à suavidade das cores, à claridade. A luz, para Santo Agostinho, seria um esplendor da harmonia presente no próprio objeto.

Ao contrário de Aristóteles, no entanto, Santo Agostinho não atribuiu ao Belo características de proporção e grandeza, deixando tais parâmetros como definidores tão-somente da beleza clássica grega.

O aspecto mais relevante da teoria agostiniana diz respeito à inclusão do Feio e do Mal na discussão sobre a Beleza. Para ele, o objeto belo era composto de partes que poderiam ser contrastantes entre si, ou seja, a unidade da beleza podia ser o resultado entre a oposição entre características belas e feias.

Em seguida, Suassuna aborda a teoria estética objetivista de São Tomás de Aquino. A Beleza, de acordo com o teórico, não resulta de ideais platônicos ou medidas proporcionais aristotélicas, e sim de características essenciais de cada objeto.

Além disso, São Tomás de Aquino afirma que também os aspectos subjetivos são importantes, na medida em que são necessárias a intuição e a imaginação do sujeito para a recriação e fruição da Beleza do objeto.

Desse modo, conclui-se que a Beleza, para Tomás de Aquino, é resultado de certas características inerentes ao objeto que, fruídas pelo sujeito, o agradam. Tais características seriam a integridade, a harmonia e a claridade, semelhantes ao pensamento aristotélico, embora o pensamento tomista não restrinja a beleza à grandeza, tal como o fazia Aristóteles. O conceito de claridade, embora semelhante ao ideal platônico, é aqui uma característica objetiva e advinda das partes harmoniosas da própria matéria.

Suassuna esclarece que as características elencadas por São Tomás de Aquino devem ser analisadas caso a caso e não como conceitos predefinidos e estanques. Assim, há diferentes formas de harmonia, claridade e integridade nos objetos, a depender da finalidade pretendida por seu criador.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Rodarte - Aristóteles



As irmãs Laura e Kate Mulleavy, nomes à frente da Rodarte, têm por maior interesse a busca da beleza no inesperado, no imperfeito. Ao mesmo tempo em que se preocupam em valorizar os materiais usados e as modelagens propostas, querem demonstrar que a beleza de uma roupa está também em suas assimetrias, desarmonias e imperfeições.







Oscar de la Renta - Platão







Os vestidos de Oscar de la Renta são muito elegantes. O estilista busca sempre o perfeito caimento, a leveza, a harmonia e a beleza em seus vestidos de noite, tentando alcançar o belo sublime, arrebatador.











Platão x Aristóteles